sábado, 17 de setembro de 2011

CALENDÁRIO NEGRO - SETEMBRO

Dona Malvina





"Malvina Borger Teixeira de Jesus"
Dia 27 ano de Aniversario de Nascimento

04 - Promulgação da lei Euzébio de Queiroz, extinguindo o tráfico de escravos no Brasil / 1850
07 - Criação do Grupo União e Consciência Negra do Brasil / 1981
10 - Morte do líder angolano Agostinho Neto / 1979
12 – Assassinato de Steve Biko, lider sulafricano, idealizador da Consciência Negra
11 - Independência do Senegal, África / 1960
14 - É fundado o jornal O Homem de Cor, o primeiro da imprensa negra brasileira / 1833
16 - Fundação da Frente Negra Brasileira, maior entidade da primeira metade do século, primeiro partido político de afro-descendentes/ 1931
18 - Circula o primeiro número do jornal A Voz da Raça, jornal da Frente Negra / 1933
18 - Decreto do Presidente Getúlio Vargas diz que o Brasil precisa desenvolver, em relação à imigração, "as características mais convenientes de sua ascendência européia"
21 - Independência do Mali / 1960
22 - Libertação jurídica dos escravos nos EUA / 1862
22 - Independência do Mali, África / 1960
23 – Dia Internacional contra a exploração sexual e o tráfico de mulheres e crianças
24 - Independência da Guiné-Bissau, África / 1973
27 - Dia dos Idosos
28 - Aprovada a Lei do Ventre Livre / 1871
28 - Assinada a Lei do Sexagenário / 1885

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Iroko







Dia da Semana: Terça-feira.
Cores: Branco, Verde (ou Cinza) e Castanho
Símbolo: Lança, Grelha
Domínios: Tempo, Vida e Morte
Saudação: Iroko I Só! Eeró!
Iroko ou Tempo, como também é conhecido, é um Orixá muito antigo. Iroko foi à primeira árvore plantada e pela qual todos os restantes Orixás desceram a Terra. Iroko é a própria representação da dimensão Tempo.
Iroko, Iroco ou Roko (do iorubá Íròkò) é um orixá cultuado no candomblé do Brasil pela nação Ketu e, como Loko, pela nação Jeje. Corresponde ao Inquice Tempo na nação Angola ou Congo.
Em todas as reuniões dos Orixás está sempre presente Iroko, calado num canto, anotando todas as decisões que implicam diretamente na sua ação eterna. É um Orixá pouco conhecido dos seres vivos ou morto, nascido ou por nascer. Toda a criação está nos seus desígnios.
É o Orixá Iroko, implacável e inexorável, que governa o Tempo e o Espaço, que acompanha, e cobra, o cumprimento do Karma de cada um de nós, determinando o início e o fim de tudo.
Conhecido e respeitado na Mesopotâmia e Babilônia como Enki, o Leão Alado, que acompanha todos os seres do nascimento ao infinito; cultuado no Egipto como Anúbis, o deus Chacal que determina a caminhada infinita dos seres desde o nascimento até atravessar o Vale da Morte. Também venerado como Teotihacan entre os Incas e Viracocha entre os Maias como o Senhor do Início e do Fim; também presente no Panteão Grego e Romano, onde era conhecido e respeitado como Cronus, o Senhor do Tempo e do Espaço, que abriga e conduz a todos inexoravelmente ao caminho da Eternidade.
É o Tempo também das mudanças climáticas, as variações do tempo-clima. Guardião das florestas centenárias é o coletivo das árvores grandiosas, guardião da ancestralidade.
Em África, a sua morada é a árvore iroko, Milícia excelsa (antes classificada como Chlorophora excelsa), chamada “amoreira africana” na África de língua portuguesa. É uma árvore majestosa, encontrada da Serra Leoa à Tanzânia, que atinge 45 metros de altura e até 2,7 metros de diâmetro.
No Brasil, onde essa árvore não existe, diz-se que Iroko habita a gameleira branca, Ficus gameleira ou Ficus doliaria (também chamada figueira-branca, guapoí, ibapoí, figueira-brava e gameleira-branca-de-purga). Nos terreiros, costuma-se manter uma dessas árvores como morada de Iroko, assinalada por um “ojá” (laço de pano branco) ao seu redor.
Iroko representa a ancestralidade, os nossos antepassados, pais, avós, bisavós, etc., representa também o seio da natureza, a morada dos Orixás.
Desrespeitar Iroko (a grande e suntuosa árvore) é o mesmo que desrespeitar a sua dinastia, os seus avós, o seu sangue… Iroko representa a história do Ilê (casa), assim como do seu povo… protegendo-o sempre das tempestades.
Ao contrário da maioria dos orixás, este não costuma “baixar” nas festas de santo, nem ser “feito” na cabeça dos fiéis. É reverenciado por meio de oferendas à árvore que o representa. Os animais a ele consagrados são a tartaruga e o papagaio.
Iroko é um Orixá pouco cultuado tanto no Brasil como em Portugal, e os seus filhos também são muito raros. Os seus filhos, no entanto, são sempre muito protegidos pelo seu Orixá.
Características dos filhos de Iroko
Os filhos de Iroko são tidos como eloqüentes, ciumentos, camaradas, inteligentes, competentes, teimosos, turrões e generosos.
Gostam de diversão: dançar e cozinhar; comer e beber bem.
Apaixonam-se com facilidade e gostam de liderar.
Dotados de senso de justiça, são amigos queridos, mas também podem ser inimigos terríveis, no entanto, reconciliam-se facilmente.
Um defeito grande é o fato de não conseguirem guardar segredos.

Mestre Didi, o artista sacerdote







Como escultor, escritor, ensaísta e curador, Deoscoredes M. dos Santos, ou Mestre Didi, de 83 anos, é um representante da cultura afro-brasileira. Como sumo sacerdote do culto aos ancestrais Egungun, Didi é o interlocutor entre os vivos e os mortos. Se, por um lado, sua arte é um feixe de luz sobre mitos e tradições ancestrais, sua palavra permanece sob um invólucro de santidade. “Ele fez um juramento que lhe privou de falar em público, fora do recinto religioso. O seu dizer não pode ser deturpado”, explica sua esposa, a antropóloga Juana Elbein dos Santos, designada sua porta-voz.
A sabedoria do baiano Mestre Didi é transmitida efetivamente via uma extensa produção de esculturas – que lhe rendeu reconhecimento internacional como um artista de vanguarda. Suas obras fazem parte do acervo do Museu Picasso, em Paris, do MAM de Salvador e do Rio de Janeiro, entre vários outros museus estrangeiros. Atualmente, seu trabalho pode ser visto na Mostra do Redescobrimento e em uma exposição individual na Galeria São Paulo. Suas formas confeccionadas com contas, búzios, renda de couro e folhas de palmeira são inspiradas em mitos, lendas e objetos de culto aos orixás. Sua iniciação – à arte e à religião – se deu ainda menino, aos oito anos.
Começou fazendo entalhes em madeira, depois vieram os “exus” esculpidos em cimento e barro.



Aos 29 anos publicou o primeiro livro, Yorubá Tal Qual se Fala – com prefácio de Jorge Amado e ilustrações de Carybé. Outros 20 livros se seguiram, entre histórias de terreiros e contos da tradição negra da Bahia. Mas Mestre Didi sempre julgou a palavra escrita insuficiente na transmissão de conhecimentos. “No começo dos anos 80 tivemos uma comunidade infantil onde Didi escrevia e encenava peças de teatro, ensinava canto, dança, maquiagem. Não existe dicotomia entre as artes”, diz Juana. “Todos os contos afro-brasileiros são cânticos. Foram feitos para serem ouvidos, cantados e dançados”, completa ela. É por isto que Mestre Didi também é conhecido como um artista integral, “um renascentista da cultura nagô