quarta-feira, 27 de julho de 2011

ALZIRA DO CONFONTO


Alzira do Conforto
Alzira do Conforto foi uma das mais atuantes personalidades no Centro Histórico, Pelourinho, pelas ações de ajuda aos moradores de sua comunidade na cooperação, bondade e fraternidade ao povo do Pelourinho, incentivadora de ações cultural e apoiadora direta aqueles que viam o caminho das artes uma saída para sobrevivência individual e coletiva do povo negro. Foi Alzira que através de seu comercio, proporcionou ao povo baiano que fossem ouvidas as primeiras canções da musica afro jamaicana na Bahia. Em um período onde a América Negra, lutava através dos africanos nascidos aqui, por reconhecimento de seus valores, criando movimentos e grupos para reverem os tratamentos discriminatórios impostos aos negros, sua contribuição e ousadia em tocar os discos do seu ídolo Bob Marley, que através de sua musica emanavam mensagens de libertação foram fundamentais para o fortalecimento do pensamento e desejo do povo negro. Como liderança de sua família, passou a incentivar seus descendentes a apoiarem sua causa, e incentivou proporcionando aos seus netos a criação do primeiro estabelecimento comercial que pudesse tocar a música jamaicana. Surgia ai no Pelourinho o mais famoso dos Bares o “Bar do Reggae” frequentado por pessoas de todo o seguimento e camadas da sociedade baiana. Quando se tinha a visão do Pelourinho de baixo meretriz, desencadeava-se lá dentro o que hoje é a referencia do Reggae na Bahia.

Logo surgiram outros estabelecimentos do mesmo seguimento, sempre com o mesmo objetivo, libertar os negros dos preconceitos sofridos pela sociedade baiana. Obviamente isso incomodava as autoridades baianas, pois tal movimento passaria a conscientizar o povo negro, ação prioritária para desarticular a falsa modéstia dos brancos para com os negros.

A fama dos bares atravessou as fronteiras baianas e brasileiras, sendo visitadas por artistas nacionais e internacionais, principalmente pelos jamaicanos, que se alegravam em ver que seus trabalhos tinham reconhecimento e o objetivo estava aos poucos sendo alcançados, pois o povo negro é dotado de paciência a astúcia e sabe esperar os resultados.

O choque com autoridades e a própria Polícia, através de seus Praças, cumpridores de ordem, em sua totalidade negra, que se viam objetos de uso do branco, para justamente atacarem seus irmãos, tendo sucesso no principio, mas vencidos pelo tempo, pois o tempo sempre esteve do lado do povo negro.

A cada semana dia o numero de frequentadores cresciam, tornando-se fato consumado e concreto, até que veio a reforma do Centro Histórico do Salvador, tendo inicio com obras de construção e reforma, sendo necessário que os estabelecimentos fossem fechados para cumprirem o cronograma das obras.

Durante este período o povo não tinha mais o seu ponto de encontro, mais as músicas continuavam a ser tocada nos bairros da periferia de Salvador e nas cidades da região metropolitana, tendo seu retorno à abertura após a reforma e de maneira brilhante, pois o numero de frequentadores triplicou devida à mídia feita pelo governo sobre a importância do Pelourinho.

Neste período não tínhamos mais Alzira, ela se foi no curso natural da historia, mais deixou uma lição de perseverança e luta para aqueles que se determinam a alcançar os seus objetivos.

Tal fato passou a incomodar novamente as autoridades, só que desta vez alegavam grande congestionamento de pessoas nas ruas do Pelourinho, tendo solução através de comum acordo com a criação da Praça do Reggae, hoje ponto de encontro do povo negro da Bahia dentro do Pelourinho.

É neste local que a comunidade negra, realiza suas ações sociais, culturais e tornou-se referencia para o Reggae, a música mais negra do povo baiano.


sábado, 16 de julho de 2011

Deus vem comer noz de cola!



 Cola acuminata, noz-de-cola

Entre os ibos, povo do sudeste da Nigéria, a noz de cola tem um grande valor simbólico e religioso.. Em razão disso, come-se noz de cola nos acontecimentos importantes da vida social e privada.

As palavras dum ancião da aldeia Ibo, no sueste da Nigéria, revelam o significado da festa onde se come a noz de cola: «A cola é um símbolo de unidade entre os homens. A noz de cola é um símbolo de unidade entre os homens e Deus. A noz de cola representa a vida, por isso, é oferecida na oração e nos ritos que celebram a alegria de viver, o amor, a paz, a mútua compreensão. Come-se a noz de cola quando nasce uma criança, quando se celebra um casamento, quando morre um parente, quando o novo chefe é investido no poder, quando nos reconciliamos depois de travar uma guerra, quando se sela uma nova amizade, etc., etc…»
Os ibos começam cada dia louvando a Deus e consumindo noz de cola. O ancião só deseja os bons-dias depois de uma pequena cerimónia familiar, o Ikpa nzu e iwa oji (salpicar com pó de gesso e partir as nozes de cola).

Toda a família se senta no chão. O ancião, igualmente sentado no solo, estende as pernas e coloca no centro o ofo familiar (bastão sagrado, símbolo de unidade com os antepassados), algumas nozes de cola, o gesso em pó e uma vasilha com água fresca. Parte as nozes e mastiga um pedaço. Depois, cospe uma parte dele sobre o ofo e outra para o ar, destinada aos espíritos invisíveis. Por fim, enxagua a boca e deita fora a água com força.
Terminado este ritual, reza em voz alta: «Que o novo dia afaste o mal! Deus, vem comer noz de cola! Terra, vem comer noz de cola! Antepassados e espíritos, vinde comer noz de cola! Fazei que aconteça o bem, nunca o mal! Quem tem noz de cola, tem vida! A minha vida é a vida da minha família.»

A intercessão
Depois da invocação, e sempre em voz alta, o ancião faz uma oração de intercessão. Declara a sua inocência e pede a protecção divina. Diz: «Deus, parte estas nozes por mim, porque eu não sei o que dizer. Deus, te peço, não me dês a morte, porque sou ainda uma criança. Que, onde quer que esteja uma criança, ela possa acordar cada manhã. O macaco salta para a frente, nunca para trás. Que por esta oração eu seja abençoado e também a minha família.»
Toda a família está em silêncio, seguindo com atenção as palavras do chefe da família. Terminada a oração de intercessão, o ancião proclama uma série de exortações morais. Apela à unidade, à harmonia e à convivência em paz: «Há alegria na vida, não na morte. Viva quem oferece noz de cola e quem a come! Viva o tantã e muita felicidade para quem o toca. Deus, faz com que o meu inimigo conserve a vida: se não existisse, acaso lutaria com a erva? O meu inimigo é útil, porque, quando discuto, posso aprender coisas novas»!
O ritual matutino termina com a invocação final. O ancião proclama-a com solenidade. Pede vida e saúde para todos os presentes, e de modo particular para si mesmo, que é o chefe da família. Nesta oração, faz alusão à prece da lagartixa, a qual pode viver sem cauda, mas não sem cabeça.

Comida em comum
A noz de cola tem um valor simbólico. É um fruto que deve ser comido sempre em comum. Esta refeição pode acontecer numa família, onde todos se reúnem com os seus progenitores ou pode ser feita por toda a aldeia, que se junta ao redor do ancião para celebrar um acontecimento especial. Em qualquer dos casos, as nozes de cola são sempre distribuídas, partidas e partilhadas entre todos os presentes. Esta refeição em comum é símbolo da comunhão de bens, da fraternidade e do respeito recíproco.

A noz de cola
A cola é uma árvore da família das esterculiáceas, conhecidas na África ocidental por árvores de noz de cola. As suas folhas são ovais e persistentes. As flores são unissexuais ou poligâmicas, em forma de cálice, com cinco ou seis lobos. Os frutos são lenhosos e contêm de cinco a nove sementes, de sabor amargo, ricas em cafeína. São usadas como comida e também na medicina para despertar energias vitais.

(Fonte: Janela Cultural, abril 1999, Gianni Albanese) 


Noz de Cola
“Erva indispensável nos banhos dos filhos de Oxalá. Para o banho, rala-se a semente, o obi, misturando-se com água de chuva. A medicina popular indica esta erva como tônico fortificante do coração. É alimento destacado em face de diminuir as perdas orgânicas, regulando o sistema nervoso.”
(Fonte: Site Sol de Gaya)

terça-feira, 12 de julho de 2011

COMIDAS DE KUKUANA


Kanjika - Milho Branco Cozido Com Coco
Kidobo - Milho Branco Cozido Temperado Com Ndende
Mukunza - Milho Branco Cozido
Masambala - Milho Vermelho Cozido Enfeitado Com Rodelas De Goiaba
Masangu - Pipoca (Obs, Para Comer E Jogar No Final)
Fumpa - Milho Vermelho, Cozido Ou Torrado, Enfeitado Com Kamusoso (Cipó-Chumbo)
kioio ni maiaka uazele - farinha com dendê e farinha com àgua
kioio makunde ni mbonzo - feijão preto,farinha com dendê e cará
Kitaba - Amendoim Torrado E Moido, Temperado Com Mel Ou Ndende
Nguba - Amendoim Torrado
Makunde - Feijão Preto Temperado Com Ndende
Kitande - Guisado De Feijão Fradinho
Dikende - Massa De Feijão Fradinho Embrulhada Na Folha De Bananeira.
Makanza - Bolo De Feijão Fradinho, Frito
Mukunga - Papa De Milho Branco Ou Vermelho Embrulhada Na Folha De Bananeira
Kusuangala - Pirão De Arroz, Temperado Com Azeite
Loso - Arroz
Muenge - Espiga De Milho Assada
Mukende - Banana Da Terra Frita No Ndende
Kingombo - Quiabo
Dibangulango - Guisado De Quiabo (Nzazi)
Kivúdia - Guisado De Quiabo (Nvunji)
Ndiba - Mingau De Farinha De Milho Branco



segunda-feira, 11 de julho de 2011

ILÊ AXÊ TOMIM EUÁ


as folhas sagrada

UNSABAZAMBIRI


Folha Sagradas

O cultivo das folhas na cultura africana é de suma importância, sem elas nada poder ser feito. 
Com a chegada dos povos africana para o Brasil, veio com eles o cultivo e modo de prepero das folhas, as folhas são utilizadas tanto no processo de cura como mágico religioso, sabemos que há inúmeros formar de infusão, maceração, chás, banhas e etc.
para esse processo, termos uma especifica que chamamos de Tetetu-Unsaba
(colhedor, manipulador de ervas), que tem um preparo para essa função.
O conhecimento da Usaba é de fundamental importância para continuidade do saber oral, que a travesso o oceano atlântico, para os rituais ou preceitos pelo qual o muzenza (noviço) ou qualquer pessoa deverá passar
O Inkince que é ligado ás folhas e Catende, foremos uma pequena lista de algumas ervas.



  • Jikula-Nzila (abre-caminho)
  • Folha quente de Aluvaiá e Nkosi-Mokumbe, própria para banho e sacudimento.
  • Mujinha (algodoeiro)
  • Folha morna de Lembaranganga e Lemba-Dilê. Usada na cabeça, para banho e para ensaba.
  • Nsansa (arruda)
  • Folha morna de Aluvaiá e Kabila serve para ensaba, banhos, benzedura etc.
  • Ngele'Soba (brinco de princesa)
  • Folha quente de Matamba e fria de Aluvaiá servem para ensaba.
  • Muenge-Munjolô (cana de macaco)
  • Folha fria, usada em banhos e ensaba, para Kissimbi, Lemba, Wunji, Tere Kompenso, Kabila, Kitembo e Nkosi Mucumbi.
  • Delonga'Masana (copo de leite)
  • Folha morna de Lemba, Kaitumba, Zumbaranda e Kitembo. Usa-se para ensaba.
  • Kavúla (couve)
  • Usa-se para sacudimento. É folha de Yombe (desencarnado).
  • Munha'Nkise (espinheira-santa)
  • Erva morna de Kabila, Lemba-Dilê, Nkosi Mucumbi e Tere-Kompenso, serve para ensaba e banhos.
  • Kixiriximba (erva de Santa Maria)
  • Folha das Nénguas. Erva morna, para ensaba e banhos.
  • Pojiko (folha do fogo)
  • Folha quente de Aluvaiá. Serve para assentamento deste Inquice.
  • Jimbongo (folha da fortuna)
  • Folha morna de Nkosi Mucumbi, Matamba, Terê-Kompenso e fria para Aluvaiá. Serve para cabeça, ensaba, assentamento e enfeite de comidas-de-santo.

Sudão do Sul, o mais novo país do mundo está no Continente Africano

Salva Kir, fazendo seu prounciamento sobre o resultado do referendo.
O Sudão do Sul se tornou oficialmente às 0h:01 locais deste sábado (18h01 desta sexta-feira em Brasília), 0h01 de sábado, hora local) o mais novo país do Continente Africano e o do mundo, ao se tornar independente do restante do Sudão, tendo o governo do presidente sudanês Omar Bashir reconhecido formalmente a independência da parte sul do seu país, no dia de hoje em Juba, onde centenas de pessoas comemoram logo após o horário oficial da separação do novo país, em uma explosão de alegria brindou o início do primeiro dia do mais novo país do mundo.
«Somos livres, somos livres. Adeus Norte. Bom-dia felicidade!», gritava uma sul-sudanesa, Mary Okach, citada pela agência noticiosa francesa AFP.
Hoje na cerimônia da independência do «dia um» da nova nação estão presentes autoridade de vário países de todo o mundo, entre os quais o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon que foi recepcionado em Juba pelo presidente interino do Sudão do Sul, Salva Kiir Mayardit.
Um representante do Vaticano também está presente, uma vez que o Sudão do Sul é um país de maioria católica, ao contrário da república islâmica do Sudão, da qual fez parte até agora. As autoridades sudanesas de Cartum foram das primeiras a reconhecer o novo país do Continente Africano.
Com a bandeira do novo país sudanêses do sul comemoram a independência.
Os festejos deste sábado incluem homenagens ao líder histórico rebelde John Garang, que morreu num acidente de helicóptero em 2005, sete meses depois dos acordos de paz entre as duas regiões.
UM POUCO SOBRE A LUTA PELA INDEPENDÊNCIA
A votação esmagadora em favor da separação, no referendo do Sudão do Sul, no qual participaram 99% dos sul-sudaneses abriu definitivamente caminho à independência do 54.º país africano. A data foi marcada para o di 9 de Julho e o povo do Sudão do Sul prepara-se para a celebrar, apesar das dificuldades e das incertezas que assombram o seu futuro.
O processo de votação só terminou em 15 de janeiro e a apuração foi realizada com muita cautela e numerosas revisões, para que se anunciasse o resultado que se esperava: 99% dos habitantes do Sudão do Sul votaram pela independência em relação ao Sudão do Norte, onde a porcentagem também foi majoritária, com 58% dos votos a favor da separação. O referendo sobre a autodeterminação que será respeitado no norte do novo país, pelo Presidente Omar al-Bashir foi possível devido ao acordo de paz firmado em Janeiro de 2005 – seis meses antes da morte de John Garang, e seu resulado foi anunciado no mausóleu que leva o nome do líder histórico dos rebeldes sulistas. O acordo de paz firmado entre o Norte (muçulmano) e o Sul (cristão) determinava que, por meio de um referendos sudaneses deveriam escolher livremente sobre a separação e com seu resultado, em 9 de julho próximo se dará a criação efetiva de um novo país, com o que se porá fim a uma guerra civil de quase um quarto de século, que deixou milhões de mortos e deixou clara a incompatibilidade entre duas culturas segregadas territorialmente.
O caminho com o resultado favorável do referendo, está aberto para o nascimento de um novo país: o 54.º no Continente Africano e o 193.º a nível mundial.
Salva Kiir Mayardit, antigo guerrilheiro e sucessor de John Garang na presidência do territócio sul do Sudão lembrou no seu discurso todos os que perderam a vida durante os 21 anos de guerra civil. “Quero que eles e as suas famílias saibam que não morreram em vão.” “Garanti que vocês, sulistas, iriam votar em mais de 90% [a favor da hipótese da independência] e vocês deram-me razão.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

A História dos Grandes Mestres

                                                                                                                                                                                                                      Boca de Ferramento

A História dos Grandes Mestres (Vadinho)
Não poderia iniciar essa série de postagens sobre a história dos Grandes Ogans, se não fosse para discorrer sobre Vadinho.


Vadinho nasceu Euvaldo Freitas dos Santos, em Salvador. Há duas versões distintas sobre a origem da alcunha “Boca de Ferramenta”. Alguns afirmam que Vadinho recebeu esse apelido em função da sua profissão (Ferreiro - também foi Estivador). Outros, por outro lado, dizem que o apelido surgiu em função da formação da sua arcada dentária. Vadinho, era filho de Obaluwaiye, iniciado na religião dos Deuses Africanos, pela aclamada Ìyálòrìsà, Mãe Menininha do Gantois. Na casa de Candomblé do Alto da Federação, Vadinho era o Grande Maestro dos Òrìsàs!


De uma tradicional linhagem de músicos das sociedades de origem africana, Vadinho aprendeu e herdou a arte do Atabaque com seu pai Eduardo, também do Gantois. Desde Menino, foi integrante da chamada “Turma da Música”. Nesse aspecto, no livro sobre a bibliografia de Mãe Menininha, há uma foto antológica, na qual Vadinho, ainda criança está em pé (de calças curtas) ao lado do terno de Atabaques. Na foto, seu pai Eduardo (no livro consta com Edmar), está ao Hun.


Com sua arte incontestável, Vadinho fez história! Era dileto de Mãe Menininha, aliás, relatos da época deixam claro que a Ìyálòrìsà fazia questão que seu Candomblé fosse tocado com esmero. Talvez, seja essa a razão por ter sido na sua gestão, que despontou o maior número de virtuosos Ogans no Alto do Gantois.


Meu Tio Erenilton Bispo dos Santos, venerado Ogan de Salvador, Elemoso da Casa de Òsùmàrè e Amigo de Vadinho, comenta que: “Vadinho era um Ogan muito brincalhão, todos gostavam dele, adorava jogar dominó. Com o atabaque ele brincava! tocava como ninguém! Ele era a vedete do Gantois”. Diz, ainda que, por vezes, presenciou Vadinho chegar no término de alguma festa e, mesmo assim, os santos voltarem para receber o seu Hun (em muitas casas antigas, os Omo Òrìsà, não são acordados imediatamente após o seu Hun, as vezes ficam manifestados nas dependências internas das casas de Asè, por isso eles voltavam ao barracão).


A fama de Vadinho como virtuoso músico do Candomblé era tão grande, que extrapolou os limites dos Terreiros. Uma história narra que um grande percussionista de Salvador, diante dos comentários acerca de Vadinho, resolveu atestar, se de fato, ele era magnífico como discorriam. O percussionista em questão, pediu à Vadinho que tocasse, pois ele iria escrever tudo e depois, iria repetir, mostrando que não era tão impossível tocar como ele. Vadinho, prontamente atendeu ao pedido, tocando alguns ritmos dos Òrìsàs. Ao término, o famoso percussionista rendeu-se a Vadinho, pedindo-lhe que fosse também seu mestre, pois jamais havia escutado algo tão perfeito...


Vadinho deixou três grandes discípulos de sua arte musical, os três iniciados no Candomblé do Gantois. A saber: Gamo da Paz, Robson Costa Pinto e Gabi Guedes. Sobre o Grande Mestre, em conversas informais seus alunos me disseram:


Gamo da Paz, aclamado músico, fala que antes de começar o Candomblé, Mãe Menininha chamava Vadinho no quarto dela e dizia: “Vá começar o Candomblé”! Ele, então, entrava sozinho no barracão, e fazia no Hun um toque específico. Esse toque, era uma espécie de código, na verdade um comunicado aos demais Ogans da Música, que a festa iria começar, portanto, eles deveriam entrar no barracão. Gamo, diz também, que Vadinho tinha um jeito muito peculiar de afinar o Hun, ele batia com as próprias mãos nos birros do atabaque, numa seqüência única e, feito isso, os atabaques estavam afinados ao seu gosto.


Gabi Guedes, chamado de Agidavi de Ouro da Bahia, nos falou que Vadinho subia ao Hun no Sire, no início da festa e, saía quando os Òrìsàs entravam para serem vestidos. Nesse momento, no qual os santos que não iam vestir tomariam Hun, Vadinho deixava o salão, subindo desta feita ao atabaque, um de seus irmãos (Hélio ou Dudú, ambos virtuosos como ele). Vadinho voltava na saída dos Òrìsàs. Gabi, comenta ainda que, esse momento era mágico, pois Vadinho realmente tocava com amor para os Òrìsàs.


Robson, considerado o maior tocador de Hun de São Paulo, narra que a coisa mais difícil que existia era tocar Hunpi ou Lé, quando Vadinho estava ao Hun. Diz que nenhum Ogan conseguia tirar os olhos das mãos do Grande Maestro, fazendo com que, por vezes, o Hunpi e Lé, perdessem o tempo da “pancada”. Para Robson, Vadinho foi simplesmente o Gênio do Atabaque.


O Grande Vadinho perpetuou um pouco da sua arte em alguns discos e filme. O primeiro registro, data de 1962, no premiado filme Barra-Vento de Glauber Rocha, que além de Vadinho, conta com a participação de Mãe Hilda da França, então Ìyákekère do Gantois. Posteriormente, consta uma gravação primorosa, realizada no Ilé Omi Ase Iyamase. O Disco, chama-se “Documentos Sonoros Brasileiros – Candomblé”, nele, Vadinho novamente com Mãe Hilda da França, realizam uma gravação emocionante, que remete-nos aos Candomblés de outrora. Em 21 de Outubro de 1977, no Jardim do ICBA, foi lançado o mais conhecido disco de Vadinho (Candomblé, produzido por Djalma Correa). Esse disco, foi muito comentado à época. Por meio dele, muitos Ogans (inclusive eu), despertaram seu interesse pelo atabaque. No disco Baiafro de Djalma Correa (premiado com o troféu Villa-Lobos), há 4 faixas (os quatro elementos), que Vadinho e seu irmão Dudú, presenteia-nos com uma gravação perfeita dos toques “Agere”, “Alujá”, “Daró” e “Ijesa”. Outro disco que Vadinho mostra à que veio, refere-se ao Cinqüentenário de Mãe Menininha. Nessa gravação, eu diria que Vadinho chega a ser soberbo ao executar toques como Hamunya e Ageré. Outra importante gravação de Vadinho (somente voz, pois quem está ao Hun é seu irmão Dudú) é o disco Shiré Orishás Ede Yoruba.


Vadinho, participou como músico do “Viva Bahia”, “Baiafro” (Grupo de Djalma Correa) e do “Korin Nago”. Com esses grupos, viajou o mundo divulgando sua arte. Em uma dessas viagens deixou um atabaque com Tia Cabocla, mãe carnal de Mãe Luizinha de Nana, Ìyálasè do Ilé Alákétu Ase Airá. Esse atabaque, ficou por mais de 20 anos, aos cuidados de Mãe Luzinha, até que um dia, diante da minha admiração inconteste por esse Alagbe, ela me presenteou com esse instrumento único, o qual encontra-se hoje, em exposição no Ilé Alákétu Asè Ibùalámo (foto acima).


Foi também em uma dessas viagens, desta feita à Alemanha, em junho de 1979, que Vadinho partiu para o Orun. Meu tio Erenilton conta que ele, com o corpo muito quente em função da apresentação que fazia, saiu à rua, mas estava geando, ocasionando Choque Térmico. Assim, Vadinho deixou-nos, precocemente, de forma pueril. Conforme publicação do Jornal A Tarde, de 15/06/1979, em função da morte de Vadinho, o Gantois deixou de tocar a tradicional festa de Òsóòsì. Em Jun/79, o chamado “Busca Longe” (nome dado ao Hun do Gantois), silenciou ante a perda daquele que, mais que ninguém, soube por meio dele, evocar os Deuses Africanos à Terra.


Euvaldo Freitas Santos, o festejado Vadinho Boca de Ferramenta, foi único, foi virtuoso, foi e, ainda é, o maior maestro da música sacra do Candomblé. Muito provavelmente, ninguém jamais se igualará a ele, ninguém será tão próximo do atabaque como ele. Nesse aspecto, certa ocasião, seu aluno Gamo da Paz, me disse: “Vinicius, Vadinho e o atabaque eram um só, não havia diferença". Vadinho partiu, mas sua arte permanece viva, quer seja nas mãos daqueles que são seus seguidores, seja pelos primorosos registros que ele nos deixou e que comento abaixo.


Carlos Vinicius M. Santana 10/03/2010


Disco Candomblé:A obra mais conhecida de Vadinho, produzido e idealizado por Djalma Correa. Nele, além de tocar o Hun, ele está fazendo a Voz (solo). Particularmente, recomendo a faixa Ogun, na qual Vadinho, dá uma aula de "slap" de Agidavi na madeira.
Shiré OrishásEde Yoruba:
Nesse disco, Vadinho somente canta. Quem está ao Hun, é seu irmão Dudú (que era canhoto). Embora fosse iniciado em uma casa de Angola, Dudú tocando Ketu, tinha o mesmo virtuosismo do irmão. Recomendo a faixa da cantiga "Arawara Tafa Rode", simplesmente Show.
Cinqüentenário de Mãe Menininha:Nesse disco, Vadinho é soberbo ao executar os toques: Alujá, Ijesa, Agere, Hamunya e Igbin. Todas as faixas, sem exceção, são perfeitas. Àqueles que gostam de estudar, recomendo que prestem atenção ao Hunpi e Lé do toque Ijesa.
Candomblé: Documentos Sonoros Brasileiros: 
Na minha opinião, o melhor disco de candomblé já gravado. Quem está cantando, é Mãe Hilda, então Ìyákekère do Gantois. Vadinho nesse registro, mostra a cadência pura do antigo Candomblé.
Baiafro: Nesse disco, há quatro faixas, chamadas "os quatro elementos", que o Grande Vadinho e seu irmão Dudú, mostram sua arte nos toques: Agere, Ijesa, Alujá e Daró. Novamente para quem gosta de estudar, vale a pena ouvir com atenção as variações do Agere e do Alujá, algumas bem distin tas dos demais discos de Vadinho.
Barra-Vento:No filme de Glauber Rocha, que conta com a participação de atores como Antônio Pitanga, Vadinho é, novamente perfeito em sua apresentação (para os fanáticos, uma ótima notícia, esse filme foi reeditado, agora em DVD, compre o original, pois vale a pena). Nessa filmagem, que também conta com a participação de Mãe Hilda.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Religião de Matriz Africana "Candomblé".



Por que o culto do orixá é chamado de Candomblé.

Em 1830, algumas mulheres negras originárias de Ketu, na Nigéria, e pertencentes a irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, reuniram-se para estabelecer uma forma de culto que preservasse as tradições africanas aqui, no Brasil.
Segundo documentos históricos da época, esta reunião aconteceu na antiga Ladeira do Bercô; hoje, Rua Visconde de Itaparica, próximo a Igreja da Barroquinha na cidade de São Salvador - Estado da Bahia.
Desta reunião, que era formada por várias mulheres, conforme relatei anteriormente, uma mulher ajudada por Baba-Asiká, um ilustre africano da época, se destacou:
- Íyànàssó Kalá ou Oká, cujo òrúnkó no orixá era Íyàmagbó-Olódùmarè.
Mas, o motivo principal desta reunião era estabelecer um culto africanista no Brasil, pois viram essas mulheres, que se alguma coisa não fosse feita aos seus irmãos negros e descendentes, nada teriam para preservar o "culto de orixá", já que os negros que aqui chegavam eram batizados na Igreja Católica e obrigados a praticarem assim a religião católica.
Porém, como praticar um culto de origem tribal, em uma terra distante de sua ìyá ìlú àiyé èmí, ou a mãe pátria terra da vida, como era chamado a África, pelos antigos africanos?
Primeiro, tentaram fazer uma fusão de várias mitologias, dogmas e liturgias africanas. Este culto, no Brasil, teria que ser similar ao culto praticado na África, em que o principal quesito para se ingressar em seus mistérios seria a iniciação. Enquanto na África a iniciação é feita muitas vezes em plena floresta, no Brasil foi estabelecida uma mini-África, ou seja, a casa de culto teria todos os orixás africanos juntos. Ao contrário da África, onde cada orixá está ligado a uma aldeia, ou cidade, por exemplo: Xangô em Oyó, Oxum em Ijexá e Ijebu e assim por diante.

Mas, por que esse culto foi denominado de CANDOMBLÉ?

Este culto da forma como é aqui praticado e chamado de Candomblé, não existe na África. O que existe lá é o que chamo de culto à orixá, ou seja, cada região africana cultua um orixá e só inicia elegun ou pessoa daquele orixá. Portanto, a palavra Candomblé foi uma forma de denominar as reuniões feitas pelos escravos, para cultuar seus deuses, porque também era comum chamar de Candomblé toda festa ou reunião de negros no Brasil. Por esse motivo, antigos Babalorixás e Yalorixás evitavam chamar o "culto dos orixás" de Candomblé. Eles não queriam com isso serem confundidos com estas festas. Mas, com o passar do tempo a palavra Candomblé foi aceita e passou a definir um conjunto de cultos vindo de diversas regiões africanas.
A palavra Candomblé possui 2 (dois) significados entre os pesquisadores: Candomblé seria uma modificação fonética de "Candonbé", um tipo de atabaque usado pelos negros de Angola; ou ainda, viria de "Candonbidé", que quer dizer "ato de louvar, pedir por alguém ou por alguma coisa".
Como forma complementar de culto, a palavra Candomblé passou a definir o modelo de cada tribo ou região africana, conforme a seguir:

Candomblé da Nação Ketu 
Candomblé da Nação Jeje  Candomblé da Nação Angola  Candomblé da Nação Congo  Candomblé da Nação Muxicongo

A palavra "Nação" entra aí não para definir uma nação política, pois Nação Jeje não existia em termos políticos. O que é chamado de Nação Jeje é o Candomblé formado pelos povos vindos da região do Dahomé e formado pelos povos mahin.
Os grupos que falavam a língua yorubá entre eles os de Oyó, Abeokuta, Ijexá, Ebá e Benin vieram constituir uma forma de culto denominada de Candomblé da Nação Ketu.
Ketu era uma cidade igual as demais, mas no Brasil passou a designar o culto de Candomblé da Nação Ketu ou Alaketu.
Esses yorubás, quando guerriaram com os povos Jejes e perderam a batalha, se tornaram escravos desses povos, sendo posteriormente vendidos ao Brasil.
Quando os yorubás chegaram naquela região sofrida e maltratada, foram chamados pelos fons de ànagô, que quer dizer na língua fon "piolhentos, sujos" entre outras coisas. A palavra com o tempo se modificou e ficou nàgó e passou a ser aceita pelos povos yorubás no Brasil, para definir as suas origens e uma forma de culto. Na verdade, não existe nenhuma nação política denominada nàgó.
No Brasil, a palavra nàgó passou a denominar os Candomblés também de Xamba da região norte, mais conhecido como Xangô do Nordeste.
Os Candomblés da Bahia e do Rio de Janeiro passaram a ser chamados de Nação Ketu com raízes yorubás.

Porém, existem variações de Nações, por exemplo, Candomblé da Nação Efan e Candomblé da Nação Ijexá. Efan é uma cidade da região de Ilexá próxima a Osobô e ao rio Oxum. Ijexá não é uma nação política. Ijexá é o nome dado às pessoas que nascem ou vivem na região de Ilexá.
O que caracteriza a Nação Ijexá no Brasil é a posição que desfruta Oxum como a rainha dessa nação.
Da mesma forma como existe uma variação no Ketu, há também no Jeje, como por exemplo, Jeje Mahin. Mahin era uma tribo que existia próximo à cidade de Ketu.
Os Candomblés da Nação Angola e Congo foram desenvolvidos no Brasil com a chegada desses africanos vindos de Angola e Congo.

A partir de Maria Néném e depois os Candomblés de Mansu Bunduquemqué do falecido Bernardino Bate-folha e Bam Dan Guaíne muitas formas surgiram seguindo tradições de cidades como Casanje, Munjolo, Cabinda, Muxicongo e outras.
Nesse estudo sobre Nações de Candomblé, poderia relatar sobre outras formas de Candomblé, como por exemplo, Nàgó-vodun que é uma fusão de costumes yorubás e Jeje, e o Alaketu de sua atual dirigente Olga de Alaketu.
O Alaketu não é uma nação específica, mas sim uma Nação yorubá com a origem na mesma região de Ketu, cuja sua história no Brasil soma-se mais de 350 (trezentos e cinquenta) anos ao tempo dos ancestrais da casa: Otampé, Ojaró e Odé Akobí.
A verdade é que o culto nigeriano de orixá, chamado de Candomblé no Brasil, foi organizado por mulheres para mulheres. Antigamente, nas primeiras casas de Candomblé, os homens não entravam na roda de dança para os orixás. Mesmo os que se tornavam Babalorixás tinham uma conduta diferente quanto a roda de dança. Desta forma, a participação dos homens era puramente circunstancial. Daí ter-se que se inserirem no culto vários cargos para homens, como por exemplo, os cargos de ogans.
Hoje, a palavra Candomblé define no Brasil o que chamamos de culto afro-brasileiro, ou seja: "UMA CULTURA AFRICANA EM SOLO BRASILEIRO".

A ORGANIZAÇÃO DO CANDOMBLÉ NO NOVO MUNDO

Antigamente, na Nigéria, os dias da semana eram apenas 04 (quatro) e eram assim denominados:
1º dia - Ójumò Exu 
2º dia - Ójumò Ogun  3º dia - Ójumò Xangô  4º dia - Ójumò Oxalá  sendo que estes 04 (quatro) dias estavam ligados aos 04 (quatro) pontos cardeais:
1º a leste onde habita Exu 
2º ao norte onde habita Ogun  3º a oeste onde habita Xangô  4º ao sul onde habita Oxalá
Como se pode observar, os yorubás tinham sua própria semana organizada que foi modificada ou adaptada à semana ocidental. Isto aconteceu porque não se manteve a tradição milenar de apenas 04 (quatro) dias.
Quando o Candomblé foi estabelecido na Bahia por Yanassó teve-se que se adaptar, como foi visto anteriormente, o culto para os moldes ocidentais, ou seja, cultuar vários orixás no mesmo espaço. Com esta junção, criou-se o que foi chamado Ójumò-osé ou dia de limpar ou ainda Ójumò-uenumó ou dia do descanso. Essa distribuição foi feita da seguinte forma:
2ª feira cuidar-se-ia de Exu e Omolu 
3ª feira cuidar-se-ia de Ogun e Oxumarê  4ª feira cuidar-se-ia de Xangô e Oya  5ª feira cuidar-se-ia de Oxossy  6ª feira cuidar-se-ia de Oxalá  No sábado seria a vez de se cuidar de todas as Yas ou Mães que seriam: Oxum, Yemanjá, Nanã, entre outras. Já no domingo, cuidaria-se de Ibeji.

Esta distribuição foi feita para que cada Omon-orixá tivesse seu orixá ligado a um dia da semana e nesse dia esse omon-orixá estivesse na casa de Candomblé para prestar culto ao seu orixá, não fugindo assim com a sua responsabilidade de cuidar de seu orixá.
Como comprovam vários estudiosos da cultura africana, não só houve a adaptação da semana yorubá para a semana ocidental, como uma série de cerimônia e ritos da religião de orixá teve que se adaptar ao Novo Mundo, conforme mostra o próprio ritual de iniciação que na Nigéria é feito em aldeias que ficam no interior das florestas.
Outra adaptação feita para o Brasil foi o do Jogo de Búzios. Enquanto no culto de orixá na Nigéria apenas o Babalawo faz o culto à advinhação e é ele, por determinação de Ifá, quem orienta todos os acontecimentos dentro do egbé; no Brasil, o jogo de búzios foi uma modalidade criada pelo Olwô Bamboxé para as mulheres ou Yalorixás da época.

AS VARIAÇÕES DAS TRÊS NAÇÕES:

JEJE, KETU E ANGOLA
Dos muitos grupos de escravos vindo para o Brasil, 03(três) categorias ou nações se destacaram:
Negros Fons ou Nação Jeje 
Negros Yorubás ou Nação Ketu  Negros Bantos ou Nação Angola  Cada uma dessas 03 (três) nações tem dialeto e ritualística própria. Mas, houve uma grande coligação entre os deuses adorados nessas 03 (três) nações, por exemplo:
Na Nação Jeje os deuses são chamados de Voduns 
Na Nação Ketu, de Orixás  Na Nação de Angola, de Inkices  Abaixo, encontram-se relacionados os deuses, as suas ligações e correspondência em cada uma dessas 03 (três) nações:



KETU
JEJE
ANGOLA
Exu
Elegbá
Bombogiro
Ogun
Gu
Nkosi-Mucumbe
Oxossy
Otolú
Mutaka Lambo
Omolu
Azanssun
Cavungo
Xangô
Sogbô
Nizazi ou Luango
Ossayn
Ague
Katende
Oya / Yansã
Guelede-Agan ou Vodun-Jó
Matamba/Kaingo
Oxum
Aziri-Tolá
Dandalunda
Yemanja
Aziri-Tobossi
Samba Kalunga/Kukuetu
Oxumarê
Becém
Angoro - Ongolo
Oxalá
Lissá
Lemba